O divertículo de Zenker (DZ) é uma saculação da mucosa e submucosa que ocorre através do triângulo de Killian na hipofaringe, uma área de fraqueza muscular entre as fibras transversais do músculo cricofaríngeo e as fibras oblíquas do músculo constritor inferior da faringe.
O DZ é considerado um falso divertículo, pois é composto apenas da camada mucosa e submucosa, não apresentando camada muscular.
Sua prevalência na população varia de 0,01 a 0,11%, porém como muitos casos são assintomáticos, esses valores podem estar subestimados.
Sua etiologia não é totalmente compreendida, mas a maioria das hipóteses acredita que a estrutura e fisiologia anormal do músculo cricofaríngeo são os principais fatores. Com o comprometimento da complacência cricofaríngea, ocorre um aumento da pressão intraluminal durante a deglutição e como resultado ocorre a herniação no ponto de fraqueza, logo acima do cricofaríngeo.
Pequenos divertículos podem ser assintomáticos. Divertículos maiores passam a reter alimentos, o que ocasiona halitose, regurgitação, tosse e disfagia. Até 98% dos pacientes apresentam como sintomas inicial a disfagia orofaríngea transitória.
Ao longo do tempo, o paciente pode apresentar emagrecimento importante, ulceração ou sangramento da mucosa e até mesmo carcinoma do divertículo.
O diagnóstico é realizado através do esofagograma (A), mostrando a saculação na topografia cervical.
A endoscopia digestiva alta (B) não é necessária para a confirmação do diagnóstico, porém é recomendada para excluir lesões malignas concomitantes.
A. Esofagograma B. Endoscopia digestiva alta
Os diagnósticos diferenciais incluem outras causas de disfagia progressiva, como estenose péptica, acalásia, carcinoma de esôfago, entre outros.
Divertículos menores que 1 cm em paciente assintomáticos não necessitam de tratamento, podendo ser acompanhados até que o paciente eventualmente passe a apresentar algum sintoma.
Em pacientes sintomáticos o tratamento definitivo é através da cirurgia, seja ela aberta ou endoscópica.
Divertículos menores que 2 cm são habitualmente tratados através da abordagem endoscópica, realizando a diverticulotomia do DZ. O tratamento cirúrgico aberto consiste na diverticulectomia e miotomia do músculo cricofaríngeo.
O tratamento endoscópico quando comparado com o tratamento cirúrgico aberto, apresenta menor tempo operatório, menor tempo de internação hospitalar e menor taxa de complicações, porém está associado a maior taxa de recidiva.
REFERÊNCIAS:
1. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK499996/
2. https://doi.org/10.1016/j.cgh.2013.09.016