INTUSSUSCEPÇÃO INTESTINAL

A intussuscepção intestinal ocorre quando há a invaginação de um segmento intestinal
para dentro da própria luz, podendo levar a um quadro de obstrução intestinal. É a
principal causa de abdome agudo obstrutivo na faixa pediátrica, principalmente em
menores de dois anos, sendo pouco frequente na faixa adulta.
Pode ser classificado como:
– Entero-entérica: quando acomete apenas segmentos do intestino delgado.
– Íleo-cólica: quando ocorre o prolapso do íleo terminal pela válvula ileocecal para o
ceco.
– Colo-cólica: quando acomete apenas segmentos do intestino grosso.
O quadro cínico é variável. Nos adultos pode se apresentar com sintomas insidiosos,
com dor abdominal e sintomas obstrutivos. Já na faixa pediátrica, costuma se
apresentar com sintomas mais agudos, com dor abdominal severa, náuseas, vômitos e
sangramento via retal (fezes em framboesa). A tríade clássica, de dor abdominal, fezes
em framboesa e massa palpável no quadrante direito do abdome, encontra-se em
menos de 50% dos casos.
O diagnóstico é realizado conforme a apresentação clínica e faixa etária. No grupo
pediátrico a radiografia simples e o ultrassom de abdome são os exames
complementares mais utilizados. Nos adultos a tomografia de abdome é o exame de
escolha. As causas mais encontradas da intussuscepção são: divertículo de Meckel,
malformação vascular, pólipo fibroide inflamatório, linfoma, neoplasias malignas e
neoplasias benignas.
A radiografia simples de abdome apresenta menor sensibilidade e especificidade,
porém pode demonstrar o segmento obstruído, com dilatação das alças intestinais,
ausência de gás no cólon e o “sinal do crescente”, que corresponde a um crescente
radiotransparente em segmento colônico causado pela intussuscepção.
O ultrassom de abdome representa o exame de escolha na faixa pediátrica, com uma
sensibilidade e especificidade próximo dos 100% quando realizado por um radiologista
experiente. O sinal radiológico classicamente descrito é o sinal do alvo (Figura 1).

O tratamento envolve o controle sintomático, manejo dos distúrbios hidroeletrolíticos
e definição de conduta operatória ou não operatória. Pacientes com sinais de
complicações locais devem ser encaminhados a abordagem cirúrgica. Aqueles sem
evidência de complicações locais podem ser submetidos a redução não cirúrgica com
técnica hidrostática, pneumática ou endoscópica.
A terapêutica endoscópica apesar de não ser o tratamento padrão ouro, pode ser
diagnóstica e terapêutica, sendo contraindicada na suspeita de perfuração ou se o
paciente apresentar peritonite. O colonoscópio é útil em intussuscepções que
envolvam o íleo terminal e ceco, sendo que a redução é realizada através da insuflação
de ar (de preferência CO2) e solução fisiológica a 0.9%. A enteroscopia retrógrada
pode ser útil na avaliação e descarte de lesões do intestino delgado. A realização de
endoscopia digestiva alta é desaconselhada pelo risco de piora do quadro obstrutivo.
Em crianças a abordagem cirúrgica costuma ser indicada nos casos de falha da
tentativa de redução não cirúrgica. Nos adultos, devido a associação com quadros
neoplásicos, costuma-se indicar uma abordagem cirúrgica com princípios oncológicos.

REFERÊNCIAS:
1. Gluckman S, Karpelowsky J, Webster AC, McGee RG. Management for
intussusception in children. Cochrane Database Syst Rev. 2017 Jun
1;6(6):CD006476. doi: 10.1002/14651858.CD006476.pub3. PMID: 28567798;
PMCID: PMC6481850.
2. Marinis A, Yiallourou A, Samanides L, Dafnios N, Anastasopoulos G, Vassiliou I,
Theodosopoulos T. Intussusception of the bowel in adults: a review. World J
Gastroenterol. 2009 Jan 28;15(4):407-11. doi: 10.3748/wjg.15.407. PMID:
19152443; PMCID: PMC2653360.